Num domingo sem sol, nesse mês de dezembro, bem defronte de onde estávamos sentados, uma andorinha recolhia um graveto. Acompanhada pelo consorte, dirigiram-se a uma abertura do telhado que escapara da atenção arquitetônica do pedreiro. Estavam construindo seu ninho.
Há alguns séculos atrás, um carpinteiro e sua jovem esposa abrigaram-se num pobre estábulo também forrado de palhas. Talvez não tão belo como o ninho das andorinhas ou os lírios do campo. De qualquer maneira, os filhotes e o Menino foram aninhados com calor, simplicidade e instinto santo.
Andorinha, andorinha mostrai a todos nós – aos retireiros do Sertão Pequeno, aos pedreiros do Rosário, aos professores da Marquês e das escolas municipais, aos comerciantes das Barra, aos desempregados e infelizes do município, aos agricultores da Barba de Bode, às mães solteiras, aos funcionários da Prefeitura, aos alunos da ROGE, aos atuais e futuros vereadores e Prefeitos – a todos nós, como se constrói um lar tão digno como a Manjedoura.
Andorinha, andorinha emprestai-nos suas asas para que voemos por sobre as verdes montanhas e araucárias de Delfim Moreira. Que nos mais longínquos recantos, que nas mais humildes habitações deixemos, como você em seu ninho, um pedacinho do voo azul e da alegria do canto e do ovo.
Andorinha, andorinha dai-nos o seu coração para que, como papais-noéis de casaca, em cima das chaminés ou dos telhados possamos deixar o nosso grito de Feliz Natal e por sobre a mesa de todas as famílias delfinenses um ramo de Esperança para 2023.